domingo, 3 de abril de 2016

Kyousougiga


 Um excêntrico anime sobre uma família multiversal, repleto de dilemas existenciais e muitas cores.

 Kyosougiga é um anime de 2013 produzido pelo estúdio Toei, criado por Toudou Izumi e dirigido por Matsumoto Rie, tendo 10 episódios. O anime também conta com uma série de ONAs lançados no ano anterior(2012) com o intuito de promover o projeto e dois episódios especiais. Se trata da história de uma família disfuncional formada por um monge capaz de dar vida aos seus desenhos, uma coelha que ele desenhou e que recebeu um corpo de uma Bodisatva para que pudesse concretizar seu amor e seus três filhos, um humano, um demônio e um santo...eu sei, bem doido não?


 Não faz tanto tempo(faz sim) eu falei aqui de Mawaru Penguindrum, e sobre o quanto ele era diferenciado dos padrões gerais da industria de animes, bem, não é difícil traçar um paralelo entre o anime dos pinguins e este. No que tange ao estilo visual, o abuso de cores, os simbolismos e  os jogos visuais eles são de certa forma bem parecidos, apesar deste contar com algo que eu definiria como um “apelo shounen” maior, enquanto o outro estaria mais inclinado para um “apelo shoujo”. Animes como estes, de certa forma únicos, mas consequentemente atendendo a apenas mais um nicho( um nicho dentro de um nicho....dentro de outro nicho), acabam se tornando fenômenos desconhecidos, afinal é essa uma das possíveis definições de Cult não? Convido qualquer um a citar se conhecia ou já chegou a ver qualquer deles, ou até mesmo a outros como Uchouten kazoku por exemplo, só para provar minha afirmação.

 Animes negligenciados como estes acabam por atrair um público próprio, pessoas que buscam justamente pelo underground, em uma certa busca por opções mais exóticas para seus cardápios de entretenimento(daí surge o cult). E no que tange a opções exóticas, Kyousougiga é uma ótima pedida.

Aquele anime que provoca essa reação nas pessoas...

 Se tratando não só de um show visual psicodélico, o anime conta com um belo roteiro, além de alguns cortes rápidos de cena inseridos como ligeiras referências pontuando muito bem alguns bons diálogos, convergindo muito bem o estilo visual extravagante com as ideias da obra, criando algumas cenas dignas de revisão(no sentido de rever, para pegar melhor certos nuances). Estes aspectos do anime podem facilmente faze-lo ser comparado com o famoso Bakemonogatari(Monogatari series) que utiliza uma técnica narrativa semelhante, embora mais exagerada, mesmo que diferentemente deste, Kyousougiga não se digne tanto a construir críticas sociais e ideológicas, se focando em visões fantasiosas de dilemas existenciais.

 Em meio à uma loucura de ideias abstratas, múltiplas realidades, habilidades místicas e divindades, acompanhamos os membros de nossa família protagonista basicamente em busca de razões, motivos,  mesmo que não diretamente, todos tem objetivos e aspirações que urgem profunda carência em um significado para suas vidas. A busca pelo autoconhecimento e pela afirmação do ser acaba se tornando o tema central da obra, mesmo não sendo dotada de grande profundidade ou que o tema seja debatido de forma a instigar elogios, vale a pena ressaltar este detalhe que pode acabar agradando o espectador.


Os personagens, mesmo que todos de certa forma tenham um objetivo em comum, acabam tendo também diferenciações quanto aos seus dilemas e objetivos, muitos destes só se tornam claros em pontos avançados da trama, esta que preza pelo misticismo da obra, fazendo com que muitas mistérios continuem sem solução aparente por grandes períodos, claro, nada que se seja de difícil interpretação mas ainda assim geram algumas boas situações que beiram à epifania narrativa.

A Yase parecia estar lá só por estar, até ser trabalhada e se mostrar uma das melhores personagens na minha opinião. 
 A diversidade no que tange aos personagens acaba por ser o grande gerador de conflito dentro da trama. O Triunvirato formado pelos três irmãos para reger a cidade criada por seu pai (informações do primeiro episódio, não é spoiler.)  fica abalado pela aparição de um visitante do “mundo de fora”, uma garota curiosa, agitada e com certo prazer pela destruição chamada Koto, esta que age como quebradora do status quo dos demais personagens e se torna o centro da trama, sendo vista por todos como um meio de realizar seus objetivos.


 Ainda falando em personagens, vale citar que o anime conta com um bom trabalho no que tange à construção e desenvolvimento deles. Mesmo que seja difícil para min me aprofundar mais na dissecação destes sem  fazer uso de spoilers, é fácil para min dizer que a maioria cumpre bem seus papeis sejam o de simples alivio cômico ou de extrema importância para o significado do roteiro.

O Kurama acaba fazendo vez de vilão por um tempo, mesmo que tudo que ele quisesse fosse algo tão simples e humano.
 A narrativa em forma de “curtas”, com ligeiras divisões de conteúdo dentro do episódio, é algo que deve ser citado. Os “curtas” são bem estruturados, cumprindo bem seu papel de dar foco à determinados personagens e situações, dando certo ritmo diferente e muito bem vindo ao anime.

 É um anime simples, porém bonito, visualmente diferenciado e dono de uma estrutura narrativa digna de elogios. Altamente recomendável.



 Então foi isso queridos leitores, espero que tenham gostado e não se esqueçam de deixar suas opiniões nos comentários sobre o texto ou sobre o anime(caso tenham visto), elas são sempre bem vindas. E claro, se puder recomendar o post e o blog para seus amigos, vizinhos, colegas de classe e de trabalho  me deixaria muito feliz. ;D Até a próxima. o/

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