Senta aí pra gente bater um papinho.... |
Você, sim você leitor, na figura de alguém que acessou de livre e espontânea vontade este blog conhecido como Fênix no Sekai, blog primariamente destinado a discussão, divulgação e análise de obras de determinado nicho de entretenimento japonês. Não é difícil imaginar a que nicho me refiro, é só olhar para a imagem de capa, o plano de fundo ou até mesmo o histórico de postagens, é quase uma piada eu escrever um parágrafo sobre isso, mas só para me expressar melhor, imagino não estar errado em supor que qualquer um lendo este texto, qualquer um que acessou este blog, atende a certa denominação de ordem social e ideológica, uma taxação de repúdio que em uma má interpretação acabou sendo associada a uma ideia de alguém que aprecia de maneira unilateral o anteriormente citado nicho de entretenimento. Em outras palavras...você é um otaku, certo?
Você. |
Não, não é sobre a origem
etimológica da palavra otaku que vim falar aqui hoje, muito menos sobre o uso
errôneo do termo no ocidente ou sobre a taxação social que sofre aquele que se
encaixa na ideia de otaku seja no ocidente ou no oriente. Vim debater um
assunto de ordem mais abrangente, mesmo que de certa forma inclua a taxação de
ideias...mas calma lá Lyonel, vá direto ao ponto homem. Bem, como alguém que
atenda aos preceitos ocidentais de otaku, não deve ser estranha para você
leitor uma situação de confronto onde alguém possivelmente te faz aquelas
perguntas impertinentes, algo do tipo: “Mas não é desenho? Não é coisa de
criança?”
Urgh, é duro, eu sei. Você
não sabe o que responder, não tem porquê saber, não faz sentido para você
aquela pergunta. Não é algo que passe pela sua cabeça ou talvez passe, mas não
te importe, o que quero dizer é que como um perfeito otaku, espectador de
animes, leitor de mangás, uma pessoa que admira estas formas de entretenimento
e faz delas sua diversão, seu passa tempo ou até mesmo seu meio de adquirir
cultura, se aprofundando em obras dos mais variados tipos, as estudando e
adquirindo conhecimentos sobre elas e suas conotações, não faz sentido mais
depois de anos de aprofundamento neste meio pensar nele como sendo algo de
cunho unicamente infantil, você já conhece extensa gama de obras que fogem à
infantilidade tão comumente associada à ideia de desenho animado.
É complicado tentar dar
resposta justa a uma questão desse tipo, uma pessoa que lhe pergunta tal coisa
não teria o mesmo background que você, estaria atrelada a uma ideia
dificilmente desmentida, uma ideia de associação quanto a formas de animação e
entretenimento infantil. Por mais que atualmente o cenário seja mais animador,
ainda resta muito desta ideia em mentalidades “de fora” do meio otaku, afinal
são pessoas que não se importaram ou não tiveram oportunidade de se aprofundar
como você em meio ao universo da animação japonesa, o pequeno background que
elas tem em relação a isso são os poucos animes que ela viu sendo exibidos em
blocos infantis. Se passa na Tv Globinho é pra crianças não é mesmo? Não há
mistério na lógica.
O grande mal em torno deste
problema está em uma forma de conduta que abrange não só esta, mas também
muitas outras questões semelhantes, é uma forma de pensamento um tanto quanto
inadequada, mas que no entanto é quase conduta comum adotada pela massa de
seres conhecida como humanidade. Me refiro ao mal da generalização.
Generalizar é fácil, é só
tirar uma ideia geral de um assunto onde se tem pouco conhecimento e fazer
disso uma taxação sem repensar uma vez sequer o assunto, depois disso a falta
de contato e o aprofundamento em outras áreas de maior interesse farão sua
parte em enraizar no subconsciente do indivíduo aquela ideia generalizada do
assunto de pouco interesse, a partir daí é difícil desmenti-la. Ao se
generalizar um assunto, uma área do conhecimento, um formato de mídia ou o que
quer que seja, se perde a chance de tirar proveito do conhecimento que aquilo
pode lhe proporcionar, sem falar na possível diversão ou entretenimento que
poderia ser aproveitado, mas claro, é impossível se aproveitar algo que está generalizado
em sua mente com uma taxação simplória.
Tá, agora conte uma novidade... |
Isso é básico, eu sei, todos
generalizam. Isso não se aplica só à questões simples como “desenhos são coisa
de criança”, mas também em questões mais complexas e delicadas, que deveriam
ser repensadas e aprofundadas muitas e muitas vezes, mas não, acabam sendo
simplesmente generalizadas, afinal “favelado é tudo bandido” não é mesmo?
Qualquer um pode afirmar isso, talvez não com essas palavras de que fiz uso,
mas certamente qualquer pessoa pode ter essa ideia profundamente atrelada em
sua mentalidade, pois dificilmente alguém vai repensar o assunto ou se
aprofundar nas causas sociais que fizeram ela ter essa ideia, pois não lhe
interessa, então ela generaliza.
A generalização se espalha,
pessoas com pouco conhecimento em uma área repassam suas ideias generalizadas
para outras, que talvez até já tivessem generalizações semelhantes(como dito,
se passa na TV Globinho é pra crianças não é? Outras pessoas também vão pensar
assim), essa ideia se propaga e acaba por vezes se tornando oque é conhecido
como Senso Comum, é aí que a generalização ganha contornos catastróficos. Se já
é difícil desgeneralizar a ideia de uma única pessoa sobre um assunto, imagine
tentar isso com uma ideia que já é senso comum...sim, beira ao impossível.
Generalizar é uma conduta
perigosa, já citei um exemplo de caso onde a generalização se torna preconceito
social, além dos conhecimentos e entretenimentos possivelmente perdidos em
outros casos, ainda assim tenho certeza que qualquer leitor desse texto já
generalizou e continua generalizando inúmeras coisas, eu mesmo não estou isento
de culpa nesse quesito, não há como fugir desse mal. Entretanto, pode-se
empenhar esforço em reprimir isso, o mínimo e máximo que podemos fazer é agir
de forma à não colaborar com essa forma de conduta, não é fácil deixar de agir
dessa forma que acaba se tornando o normal, o natural, mas sempre pode-se
buscar evitar. Tente não se deixar levar por ideias simples quanto à assuntos,
sejam eles quais forem, aprofunde-se se tiver interesse, mas não julgue se não
tiver, procure sempre opiniões diferentes e não se deixe levar pela maioria,
leia, veja, estude.
Não cabe a min ou a você acabar
com essa forma de conduta, mas cabe sim a nós tentar sempre evitar esse procedimento, não generalize,
é o primeiro passo, mas o mais importante.
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