sábado, 9 de abril de 2016

Análise de Filmes #08 - Zootopia: Essa Cidade é o Bicho (2016)


Olá para vocês, leitores do Fênix no Sekai. Aqui é o Diego Felipe e trago até vocês mais uma análise de filmes. O filme da vez é o mais novo sucesso dos Estúdios Disney: Zootopia – Essa Cidade é o Bicho.



A obra vai se mostrando um grande sucesso, com grande aclamação dos críticos e uma ótima bilheteria (que, até agora, já ultrapassou a marca dos $800 milhões de dólares). Inclusive o filme já desponta como um dos candidatos fortes para a edição de 2017 do Oscar.

Bem, sem mais delongas, começemos a análise.


FICHA TÉCNICA
Diretores: Byron Howard e Rich Moore
Produtor: Clark Spencer
Roteiro: Byron Howard, Rich Moore, Jared Bush, Josie Trinidad, Jim Reardon, Phil Johnston e Jennifer Lee
Estúdio: Walt Disney Pictures
Duração: 108 minutos
Data de Lançamento: 04 de Março de 2016 (EUA).
- Páis: EUA


A HISTÓRIA

A história se passa num mundo civilizado habitado por animais mamíferos antropomórficos (ou seja, com comportamentos humanos), considerando que os seres humanos nunca tivessem existido. Em meio a essa evolução social os animais se afastam de um passado de conflito entre presas e predadores e de luta pela sobrevivência.
Judy Hopps
Se por um lado a luta pela sobrevivência (considerada ultrapassada pelos animais civilizados) deu lugar a uma sociedade civilizada por outro lado também é possível identificar problemas como preconceito, discriminação e conflitos sociais. Tais preconceitos fazem com que as rivalidades naturais, embora bastante atenuadas, não tenham sido superadas por completo.

Nick Wilde
O fio condutor da história é a coelha Judy Hopps. Nascida em Bunnyborrow, uma pequena cidade do interior, desde pequena ela sonha em se tornar a primeira policial coelha da cidade de Zootopia, a metrópole onde todos os animais convivem em paz em harmonia. Depois de muito esforço Judy acaba aprovada na academia policial e vai para Zootopia. Porém logo percebe que a vida na cidade grande será mais difícil do que pensava.

E, em meio a tantos policiais ursos, lobos, leões, búfalos e outros animais de grande porte ela acaba sendo discriminada e designada para a tarefa de guarda de trânsito. No entanto mais tarde uma situação inusitada faz com que ela fique responsável por investigar um caso de desaparecimento.
Srª Lontrosa, a esposa do desaparecido
Para conseguir solucionar o caso ela vai precisar da ajuda involuntária de Nick Wilde, um raposo malandro e golpista que acaba sendo forçado a colaborar com ela, o que não será fácil vide a forte personalidade de ambos.
Judy e seus pais, Bonnie e Stu

Mas se a princípio prevalece a rivalidade natural entre o raposo e a coelha, por outro lado eles terão que se unir quando se deparam com uma enorme conspiração envolvendo que pode ameaçar a paz da cidade.



A ANÁLISE

Zootopia poderia ser mais um filme animado otimista a discutir sobre preconceitos de uma forma tradicional e passar mensagens amistosas e incentivadores a um estilo clichê. Poderia, mas não o faz. A obra decide abordar uma história que discute com profundidade a questão dos preconceitos sociais e abre espaço para discutir problemas variados da sociedade de forma inteligente.
Chefe Bogo
É interessante o desenvolvimento da protagonista, a coelha Judy Hopps, que para alcançar seu sonho de ser a primeira coelha policial de Zootopia precisa superar os preconceitos ao seu redor: a discriminação de seu patrão, o irritado búfalo Chefe Bogo; o medo dos pais, que, embora amorosos, não acreditam que ela conseguirá conter os riscos que correrá em meio a animais mais fortes e mais altos; o bullying sofrido na infância pelo jovem raposo encrenqueiro Gideon Grey; dentre outros preconceitos, sejam eles mais sutis ou mais explícitos.
Benjamin Garramansa

Judy é doce, simpática e de bom coração mas sabe muito bem lutar pelo que acredita e não desistirá por nada para seguir em frente. Mesmo ciente que muitas vezes pode não sair vitoriosa A escolha de uma protagonista feminina que, embora gentil, é esforçada e de pulso firme é um acerto, se considerarmos a escassez de heroínas batalhadoras e esforçadas no próprio mundo Disney. 


Falando mais sobre essa escassez de heroínas marcantes podemos citar exemplos de exceções como Elza (Frozen – Uma Aventura Congelante), Merida (Valente), Mulan (do filme homônimo) e Rapunzel (Enrolados). Personagens femininas com essas características são uma ótima demonstração de respeito e luta pela igualdade de direito entre homens e mulheres.


Mas mesmo sendo uma heroína carismática e que luta para superar as injustiças que a cercam o filme não a inocenta de ter suas atitudes preconceituosas também, sendo a mais notória a sua posição sobre as raposas. 
Prefeito Leãonardo
Não é que Judy seja escancaradamente intolerante a raposas, mas as experiências de vida (como o bullying que sofria nas mãos de Gideon) e a orientação dos pais (que tem medo de raposas) acabaram a influenciando, o que faz com que ela não confie plenamente em raposas.

E é aí que entra o nosso outro protagonista, o simpático e anti-heroico Nick Wilde. Ele, em parceria com um raposo branco anão chamado Finnick, aplica golpes em diversos cantos da cidade. Porém mais para a frente ficará evidente o que veio a motivá-lo a viver dessa maneira e explora seu lado mais altruísta e humano (sim, leitor, o autor da crítica não esqueceu que ele é um raposo antropomórfico, mas creio que entenderam o espírito).
O naturista Yax
A relação de Judy e Nick é um outro ponto alto do enredo. Se a princípio um vai de encontro ao outro posteriormente eles acabam aos poucos refletindo sobre seus próprios preconceitos (Nick também chegou a subestimar Judy ainda no início do filme) e percebem que, mesmo que ainda certos conflitos naturais ainda estejam mantidos, é preciso saber não apenas respeitar as diferenças mas aprender a conviver com elas em amor ao próximo.


A mensagem até poderia parecer clichê ou sem originilade, mas sua abordagem na película mostra com mais precisão que muitos outros filmes de animação como esse respeito e amor ao próximo são necessários para melhorar a convivência entre pessoas em sociedade.


A questão do preconceito, no entanto, também se mostra mais ampla em momentos que abordam a cultura do medo, a intolerância entre espécies de grupos diferentes e até mesmo na quebra de estereótipos que o filme demonstra (não citarei exemplos nesse último caso pois eles poderão ser melhor compreendidos assistindo o filme com atenção).

Quanto enredo da obra, Zootopia tem muito crédito por não se perder em características e situações infantis. O roteiro consegue adaptar problemas sociais muito comuns para a vida em Zootopia, além de citações e referências a grandes filmes e séries de televisão (tais como O Poderoso Chefão, Chinatown e Breaking Bad).

A trama mantém os pés no chão, não se resumindo simplesmente a uma mensagem otimista e sim enfocando que é preciso atitude para que tais problemas possam ser diminuídos ou superados. Nas palavras de Chefe Bogo, “a vida não é um desenho animado onde basta cantar uma música e seus problemas desaparecem magicamente... Como em Let It Go” - clara referência àquela famosa música de Frozen – Uma Aventura Congelante.

A obra consegue abordar conflitos cotidianos tanto de forma explicitamente clara (racismo, machismo, feminismo, intolerância, cultura do medo), explicitamente moderada (eficiência questionável da polícia, pirataria, corrupção política, cárcere privado, bullying) ou questões que não são abordadas de forma tão evidente no filme, mas que em determinadas se assemelham a conflitos e questões abordadas na vida real (como o respeito à diversidade sexual e luta por justiça política).

Quanto aos personagens coadjuvantes, pode-se dizer que a grande maioria consegue divertir e ganhar a simpatia do público. Alguns podem não aparecer com frequência tão grande, mas o tempo de sua presença é muito bem aproveitado e preciso para o andamento da trama. 

Destaque para: o já citado Chefe Bogo; para Benjamin Garramansa, um policial chita que, embora bem-humorado, é preguiçoso, glutão e obeso; para o Prefeito Leãonardo e sua secretária, a atrapalhada e tímida ovelha Bellweather; para a poderosa toupeira-macho Mr. Big (que mostra-se uma referência genial à Don Vito Corleone, de O Poderoso Chefão) e sua filha Fru Fru; e para Flecha, um bicho-preguiça funcionário do departamento de trânsito e responsável por alguns dos momentos mais hilariantes do filme.
Flecha
Quanto aos aspectos técnicos é elogiável o design dos personagens e dos cenários. A narração da história através de cores e cenários com grande variação de cores torna a visualização do enredo mais agradável. Também é digna de elogios a trilha sonora instrumental composta por Michael Giacchino, que já compôs a trilha de filmes como Ratatouille, Star Trek – Além da Escuridão, Joy – O Nome do Sucesso e Up – Altas Aventuras (tendo faturado um Oscar pela trilha desse último filme).
Mr. Big e Fru Fru
E para encerrar deixo em evidência a música-tema do filme, Try Everything, cantada por Shakira e composta por Sia e Stargate. A mensagem da canção é muito bonita e combina perfeitamente com a história do filme. O clipe da música pode ser conferido logo abaixo.

Gazelle


Bem, pessoal, essa foi mais uma das minhas (poucas) análises de filmes para o Fênix no Sekai. Até a próxima análise, pessoal (tentarei fazê-la em não muito tempo).



ATENÇÃO: 
Devido a problemas de tempo hábil a análise de TOC da Weekly Shonen Sunday dessa semana será lançada no domingo. Peço desculpas pelo atraso e espero que possam compreender.


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