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É uma mistura interessante, o mundo pós-apocalíptico com a mitologia grega, e funciona muito bem, os humanos adaptados as mudanças climáticas dão margem as diferentes raças tão comuns no imaginário grego, seres biotecnológicos se tornam gigantes e deuses, o futurístico se torna o fantasioso e o épico se torna uma constante do passado e do futuro.
É uma obra de muitos significados, com muitas passagens dignas de nota, falando de assuntos diversos mas sempre pertinentes de serem postos em pauta como a descriminação e a propensão humana ao ódio e a autodestruição, com algumas mensagens anti-bélicas, não que sejam abordados de forma complexa e profunda, mas mesmo uma abordagem superficial se for bem feita pode ser digna de elogios.
Ao se falar em pós-apocalíptico pode-se supor uma história de cunho melancólico, pesado e de difícil ingestão, mas não é isso que você vai encontrar em Gigantomakhia, na maior parte do tempo o clima é leve e descontraído, mesmo cenas mais fortes acabam suavizadas pela impressão geral da obra, isto se deve em parte as referências mitológicas que dão um ar refrescante de fantasia a história, tornando a experiência de leitura mais, digamos, gostosa.
Lindíssimos cenários, dificilmente distinguíveis entre apocalíptico e fantasioso. |
Os personagens são um ponto importante a ser comentado em Gigantomakhia, a dupla de protagonistas é carismática e tem um ótima interação, o gladiador Delos, honrado, heroico e ao mesmo tempo infantil e não muito inteligente e a androide Prome, madura, misteriosa, de certa forma apática mesmo sem deixar de por vezes se mostrar atenciosa e protetora(com relação a Delos), é divertido ter os dois em cena, são opostos que interagem bem e dão muita margem ao shipping. Não há como negar que sejam cativantes.
O ecchi é algo recorrente no mangá, sendo sempre protagonizado por Prome, uma loli que parece não ter senso de pudor, vestindo nada mais do que um vestido muitas vezes convenientemente esvoaçante. O fato dela não ser humana torna discutível o uso de uma suposta criança neste tipo de artificio de roteiro, mas não que quem goste deste tipo de coisa vá se preocupar em justificar muito menos que quem não goste vá reconsiderar, então, ciente que ele está lá cabe ao leitor decidir se aprova ou não.
Gente, esse vestido... |
A narrativa é muito bem levada, informações sobre aquele mundo e seus personagens são passadas aos poucos de forma inteligente e bem dosada, nada é abrupto ou mal explicado, por mais que alguns mistérios fiquem sem resposta ao final, não são de todo algo estritamente necessário pois o plot central da obra é muito bem explorado fazendo com que geralmente qualquer dúvida que reste ao final não seja mais do que pura vontade de continuar a história por considerá-la muito curta(pois são apenas sete capítulos), uma possível revelação destes mistérios poderia acabar soando decepcionante, tirando de certa forma, grande parte da magia que a história possui.
Bem, é difícil falar de Gigantomakhia sem citar o combate entre gigantes, um dos pontos principais da obra e um grande atrativo, pode ser considerado demérito o fato de ocorrer somente um combate do tipo em toda a história mas por outro lado o próprio combate é algo inesperado e acaba sendo um algo a mais na obra por si só, mesmo sendo apenas um. A luta trás também consigo algumas elucidações sobre os objetivos e motivações dos protagonistas e também o por que de Prome escolher Delos como seu parceiro, por ser um lutador acostumado a lutas desarmadas(utilizando golpes de wrestling) ele acabava por ser a escolha perfeita para se tornar um gigante e lidar com outros gigantes no mano a mano.
Sobre a arte, devo dizer que ela é excepcional, tem uma qualidade altíssima, com um incrível nível de detalhamento, cenários lindíssimos e que à ela só cabem elogios.
É difícil encontrar defeitos em Gigantomakhia, pois mesmo alguns deméritos podem soar como qualidades sob a luz de diferentes interpretações, mas mesmo qualquer defeito encontrado pela alma mais critica poderia ser atenuado pela alta quantidade de pontos positivos, como a incrível qualidade de narrativa e arte, por estes motivos julgar Gigantomakhia não é difícil, posso soar um tanto quanto pretensioso ao dizer coisas como estas, mas diferentes visões proporcionam diferentes opiniões e é impossível evitar de usar um opinião pessoal para atribuir ou retirar prós e contras em um julgamento.
Terminar o mangá trás um profusão de diferentes sentimentos que podem passar desde a, como citada anteriormente, vontade de buscar uma continuação inexistente, até a satisfação de ter lido uma história consistente e bem contada, por mais que não de tenha um começo ou um fim propriamente dito para a trama, é inegável que o mangá consegue passar muito bem suas ideias e que seu roteiro foi escrito com maestria, tudo isto garante uma experiência única, que pode ser apreciada de forma maximizada pelo fato de conter apenas um volume com sete capítulos que podem ser lidos de forma consecutiva sem perda de conteúdo ou falta de divertimento.
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Digno de nota:
Gigantomakhia é de autoria de Kentaro Miura, autor do aclamado Berserk, por mais que eu tenha tentado deixar esta informação de lado por considerar este mangá bom demais para sempre ser mantido à sombra da obra mor do autor não tem como enganar quanto as características em comum que as obras possuem. Por exemplo, é só olhar este gigante para pensar imediatamente que ele é algum apóstolo saído diretamente de Berserk:
Outro ponto a ser comentado é que o mangá consegue passar uma noção de grandiosidade muito bem feita em relação aos gigantes.
Por último gostaria de comentar que o autor demostra uma incrível sabedoria de quadrinização, rendendo ao mangá ótimas passagens e o transformando em uma obra de arte aos olhos além de, é claro, proporcionar uma experiência de leitura muito prazerosa, dou como exemplo a sequência de transformação de gigante como uma demonstração desta sabedoria de enquadramento:
Basta clicar nas imagens para expandi-las. |
Bem, este provavelmente foi meu maior post até agora então termino por aqui, estejam convidados a indicar o post e o blog para seus amigos, vizinhos, avós e periquitos e não se esqueça de comentar o que achou do texto ou do mangá(caso tenha lido) sua participação é sempre bem vinda ;D
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